“Abacaxi da Praia” ou “Terra de Areia”, o abacaxi do Litoral Norte

Pesquisa investiga potencial de Indicação Geográfica para o abacaxi do Litoral Norte.

A Indicação Geográfica é um tipo de certificação concedida pelo Instituto de Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a produtos ou serviços cujas características estão diretamente relacionadas ao seu local de origem, o que representa uma diferenciação e lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria. Assim é com os famosos vinhos produzidos no Vale dos Vinhedos e as carnes do Pampa Gaúcho. E se o conhecido abacaxi Terra de Areia também adquirisse sua própria Indicação Geográfica?

Este é o objetivo de uma pesquisa da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), com apoio do CNPq. O projeto, conduzido pela Fundação na região Litoral Norte, está verificando as potencialidades para obtenção de uma Indicação Geográfica para o abacaxi conhecido como “terra de areia”. A região concentra a maior produção de abacaxi no Estado, com cultivo anual superior a 3,3 milhões de frutos.“Já existe um reconhecimento deste abacaxi como “terra de areia” ou “abacaxi da praia”. Nosso objetivo é verificar se existe uma diferenciação e se isso pode significar uma valorização do fruto produzido na região”, explica o pesquisador Rodrigo Favreto, coordenador do projeto de pesquisa.

O estudo vem analisando clima, solo, história, cadeia de comercialização e a percepção do consumidor em relação ao abacaxi produzido no Litoral Norte. “A partir de nossos resultados, os próprios agricultores, através de sua Associação, poderão requerer uma Indicação Geográfica para o abacaxi terra de areia, o que ajudará a dar mais visibilidade e a valorizar o produto”, detalha a pesquisadora Larissa Bueno Ambrosini, uma das idealizadoras do projeto.

 Melhorias na cultura do abacaxi 
Foto Andréa Graiz  Agencia RBS
Foto: Andréa Graiz / Agencia RBS

A Fepagro vem desenvolvendo outros projetos de pesquisa para melhorar a cultura do abacaxi e torná-la mais atrativa para os pequenos produtores. As pesquisas conduzidas pela Fepagro Litoral Norte, em Maquiné, coordenados pela pesquisadora Raquel Paz da Silva, procuram contribuir para o aperfeiçoamento das formas de cultivo do abacaxi na região. Um dos experimentos avalia a utilização de sombreamento no cultivo de abacaxi, e qual o melhor nível desse sombreamento. “O abacaxi é afetado pela radiação solar do verão, o que torna seu cultivo impraticável quando não são tomadas medidas para impedir a radiação de incidir diretamente sobre os frutos”, detalha Raquel.

Outro experimento visa identificar alternativas para a redução da mão-de-obra nas capinas e a diminuição de herbicidas, através do uso de coberturas de solo com palhadas que sejam abundantes no litoral. “Queremos verificar a eficácia no uso de cana, milho, feijão, banana e caeté como coberturas que possam inibir as plantas espontâneas em meio ao abacaxizal”, destaca a pesquisadora.

Além desses trabalhos, estão em andamento estudos sobre aspectos fitossanitários da cultura, coordenados pela fitopatologista Andréia Rotta de Oliveira, pesquisadora da Fepagro Sede, em Porto Alegre. “A fusariose é um dos principais problemas nessa cultura e estamos selecionando bactérias antagonistas que possam ser futuramente utilizadas no controle biológico do fungo Fusarium gutiforme, responsável pela doença”, explica.

Outro estudo, em fase inicial, é a utilização de resíduo de pescado como composto orgânico na cultura do abacaxizeiro, sob a coordenação da pesquisadora Marcia Regina Stech, da Fepagro Aquicultura e Pesca, de Terra de Areia. De acordo com a cientista, o objetivo é dar um destino ao grande volume de resíduos de pescado de água doce gerados no Litoral Norte, que não são adequadamente utilizados hoje em dia. 

 

Fonte: Agrolink