Região de Minas é a primeira, no Brasil, a conquistar o status de Denominação de Origem. Qualidade traz mais reconhecimento para o café e profissionalização para os produtores.

Ao longo das estações climáticas bem definidas do segundo maior bioma brasileiro, é produzido um verdadeiro ouro. O café, considerado a segunda bebida preferida dos brasileiros – quase 83 litros por pessoa anualmente -, atrás apenas da água, movimenta cerca de R$ 7 bilhões por ano no país. Afinal, sai das terras brasileiras 33% da produção mundial de café. Das várias regiões produtoras Brasil afora, porém, o Cerrado Mineiro é ó único reconhecido com o status de Denominação de Origem, o que significa que o produzido colhido por lá tem características diferenciadas.

Englobando 55 municípios mineiros das regiões do Triângulo, Alto Paranaíba e Nordeste do Estado, o Cerrado Mineiro foi reconhecido em dezembro de 2013 pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) como região detentora do statusde Denominação de Origem.

Mas o que é preciso para conquistar esse importante status? No caso do café produzido no Cerrado Mineiro, o que o torna diferente dos demais é uma soma de fatores naturais e humanos. O clima da região, com estações definidas e um inverno seco, permite, por exemplo, que a secagem, feita entre os meses de maio e agosto, ocorra sem chuva, o que é ideal para manter a qualidade dos grãos e o sabor da bebida. A topografia também ajuda. O relevo, quase todo plano, favorece a mecanização das lavouras, otimizando o tempo de colheita e o manejo e permitindo que se produza em grande quantidade. Outra característica é o solo, antigo e de excelente condição para a produção de café. A preparação das pessoas para manejar a lavoura adequadamente e ter conhecimento necessário para melhorar a qualidade do produto também favorece a esse resultado.

O café da região já tinha o status de Indicação de Procedência, que marca o território onde foi produzido, e a Denominação de Origem chega para fortalecer a marca e atestar a qualidade do produto. Além disso, é uma forma de ampliar a presença do café no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos, no Japão e em países europeus, já clientes dos produtores do Cerrado Mineiro. Isso porque a definição de Denominação de Origem é mundialmente conhecida e respeitada entre os estrangeiros.

Esse conceito nasceu na Europa há cerca de dois séculos, quando produtos como o queijo parmesão, o presunto de parma e os vinhos ficaram famosos. Para evitar a pirataria, foram criados registros de propriedade a exemplo da Indicação Geográfica, Indicação de Procedência e Denominação de Origem, que são regidas por órgãos oficiais de cada país – no caso do Brasil, o INPI.

Padrão de qualidade

 E não basta estar localizado na região do Cerrado Mineiro para ser um produtor do café certificado. A seleção é rigorosa e a conquista desse status faz com que aqueles que estejam interessados em vender o seu produto mantenham um padrão de qualidade mínimo. Essa é a expectativa da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, que detém a marca do café da região.

O foco na qualidade reflete nos lucros. Em 2013, o café São Luiz produzido em uma das sete fazendas de Lúcio Veloso, em Carmo do Paranaíba, atingiu 89 pontos em uma escala que vai até cem e ganhou o Prêmio Região do Cerrado Mineiro. As sacas de 60 kg foram valorizadas em 150%. “Antes do concurso, vendia sacas de um café cru do mesmo tipo por R$ 400 a R$ 405. Depois, passou para R$ 1.000. Se esse mesmo café for torrado e moído, o quilo chega a custar R$ 50, e a saca sai por R$ 3.000”, conta o produtor. Ele revela, ainda, que o café escolhido para disputar o prêmio não foi produzido especialmente para essa finalidade. “Não analisamos ou degustamos, apenas escolhemos um café da fazenda que sabíamos que era bom. Isso comprova que todos os grãos que produzimos têm qualidade.”

O café São Luiz é vendido para os Estados Unidos, Japão, para uma torrefadora italiana, para várias famosas cafeterias brasileiras e já é finalista de um novo prêmio, desta vez em São Paulo, cuja final será em abril deste ano.

Qualificação contínua

 A conquista da Denominação de Origem é fruto de um trabalho intenso de estruturação da região, nos últimos quatro anos, realizado em grande parte pelo Sebrae Minas, parceiro dos produtores locais há 20 anos. Recentemente, a marca do café do Cerrado Mineiro foi revista, com o estabelecimento de regras claras para a conquista do selo e a definição de normas e procedimentos com as cooperativas, associações e Federação, além do reforço quanto à qualificação contínua dos produtores.

Um dos projetos de maior sucesso do Sebrae Minas no Cerrado é o Educampo. “Atuamos dentro da propriedade rural em parceria com cooperativas e associações e orientamos o produtor e seus colaboradores sobre a melhor administração do seu negócio”, explica Marcos Alves, analista do Sebrae Minas.

Cerca de 400 produtores são atendidos por 20 técnicos que fazem acompanhamento contínuo. Além disso, o investimento nos funcionários também é fundamental. “Tenho 52 colaboradores nas fazendas de Monte Carmelo, Estrela do Sul e Patrocínio e eles usufruem de treinamento. Infraestrutura e equipamentos modernos também são outros fatores importantes para a profissionalização do negócio e a gestão eficiente das lavouras”, conclui o produtor.

O Cerrado Mineiro e sua produção de café

55 municípios
4.500 produtores
5 milhões a 6 milhões de sacas por ano
170 mil hectares cultivados

Safra 2012/2013

Total: 6,231 milhões de sacas
Produtividade: 37 sacas/hectare
Área cultivada: 168.463 hectares
Área em formação: 25.650 hectares
Área irrigada: 64.693,93 hectares (38% da área cultivada)

Fonte: Assessoria de Imprensa do Sebrae Minas
(31) 3379-9275 / 9276