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INPI e Sebrae discutem selo nacional de IG e priorização de patentes

A criação de um selo brasileiro para as Indicações Geográficas (IGs) e o apoio ao projeto de prioridade no exame de patentes para micro e pequenas empresas (Patentes PME) estão na agenda de cooperação entre o INPI e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A parceria, que deverá ser formalizada em março, foi discutida no dia 26 de feveiro, em reunião no INPI, com o presidente do Instituto, Luiz Otávio Pimentel, e a Heloísa Menezes, diretora técnica do Sebrae nacional.

Quanto às IGs, o objetivo é criar um selo nacional, independente do selo de cada associação, da mesma forma que ocorre na Europa. Desta forma, haveria mais um elemento visual para valorizar o produto e que seria reconhecido como um diferencial pelo consumidor. O desenvolvimento do selo, que pode até envolver um concurso, ainda será discutido entre os órgãos envolvidos com o tema.

No campo das patentes, a meta da parceria INPI-Sebrae é estimular o recém-lançado projeto de priorização do exame para micro e pequenas empresas. Nesta fase piloto, o projeto terá duração de um ano (ou até alcançar 300 pedidos). Com a capilaridade do Sebrae, será possível atingir um maior número de empresas.

O acesso das pequenas empresas ao sistema de propriedade intelectual, não apenas em patentes, será objetivo de outras atividades da parceria, seja por meio de capacitação ou consultoria. Neste sentido, uma ferramenta central é o Sebraetec, programa de apoio à inovação nas pequenas empresas. Além de fornecer conteúdo, o INPI irá dar suporte ao programa.

 

Fonte: INPI.

A preciosidade das opalas e joias artesanais de Pedro II

Crédito: Andre Telles

Opala é um nome de origem sânscrita, oriunda da palavra “upala”, que significa pedra preciosa. São necessários milhões de anos para sua formação, derivada de fenômenos geofísicos específicos. Sua versão multicolorida é encontrada somente em dois locais no mundo: na Austrália e na cidade piauiense de Pedro II. Em 2012, o INPI concedeu o certificado de Indicação Geográfica (IG), na categoria Indicação de Procedência (IP), para as opalas preciosas e as joias artesanais produzidas a partir delas, no Piauí.

A opala é conhecida como a pedra da boa fortuna. Ainda assim, é pouco valorizada no País. Estas pedras semipreciosas podem ser encontradas em cores variadas: amarela, branca, verde, azul, marrom, preta, cinza, vermelha e incolor. Logo, por serem multicoloridas, tornam-se mais valiosas. Assim são as gemas encontradas nas minas de Pedro II , cidade a 209 quilômetros de Teresina, no Estado do Piauí.

São pedras que, naturalmente, apresentam um jogo de cores característico, produzido pela interferência e difração da luz, que passa por aberturas regularmente arranjadas, dentro da microestrutura da opala.

A tonalidade corpórea desta pedra varia de tons claros a escuros, de translúcidas a opacas e são de três tipos: pura, boulder e matriz.

Procedência

Registro IG 201014 INPI Indicação de Procedência/2012
Área Geográfica Delimitada: Município de Pedro II – Piauí

Milhões de anos

As condições necessárias para a formação da opala na natureza são extremamente raras. Situamse, geralmente, em terrenos áridos, a profundidades rasas abaixo da superfície, variando de 15 a 40 metros. Depende essencialmente do fenômeno comum de evaporação das águas subterrâneas, contendo soluções silicosas nas cavidades das rochas. Acredita-se que as opalas levaram aproximadamente 60 milhões de anos para se formarem.

O município de Pedro II tem a única reserva de gemas nobres de opala no Brasil, que é a segunda maior do mundo (a primeira está na Austrália, que explorou minas brasileiras na década de 1970). A cidade é responsável por praticamente 100% da produção de joias artesanais de opalas do Piauí, constituindo sua principal atividade econômica.

Joias artesanais

As joias artesanais confeccionadas a partir da gema, permitem a combinação com outros materiais, como o ouro, prata e tucum. Os artesãos desenvolvem designs próprios, criando uma identidade artística e valorização de joias, em forma de colares, pingentes, brincos, anéis etc. As joalherias possuem estruturas pró- prias de lapidação e de fundição, com investimento em maquinário e mão de obra qualificada.

O Festival de Inverno de Pedro II é um dos maiores eventos do Estado, ocasião em que são exibidas e comercializadas as opalas preciosas e as joias artesanais produzidas na região.

Valor agregado

Atualmente, a opala de Pedro II movimenta a economia local e chega a render aos ourives até R$ 70 mil por mês. Entretanto, há quase 30 anos o setor se encontrava desorganizado. Existia a pedra, mas, não havia quem realizasse o trabalho.

A falta de mão de obra especializada estimulou muitas pessoas a procurarem um curso de lapidação promovido pelo governo na época. Em meados de 1992, foi inaugurada a primeira empresa de lapidação de Pedro II e, no ano 2000, implantou-se ali uma área dedicada à joalheria.

Afastadas a desorganização e a mineração desenfreada, a cidade passou a controlar o negócio, criando associações ligadas ao garimpo e à lapidação e estruturando o mercado da pedra. Atualmente, estas empresas são responsáveis pelo beneficiamento de cinco quilos de pedra bruta por mês, que resultam em 30 quilos de joias, já com valor agregado da prata ou do ouro utilizado na confecção das peças.

Arranjo Produtivo

Em 2005, com o auxílio do Sebrae (Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas), foi criado no Piauí o Arranjo Produtivo da Opala, para coibir a atividade desordenada da produção e comercialização das pedras na região. A obtenção da Indicação Geográfica(IG) faz parte deste processo.

Desde que o projeto teve início em Pedro II, os números evoluíram bastante. A extração das pedras dobrou e passou de 2,5 quilos por mês para cinco. A produção das joias com a gema em sua composição saltou de 60 para 400 quilos por ano. Já o número de lojas localizadas na própria cidade que vendem as peças subiu de sete para 30.

O Arranjo Produtivo da Opala auxilia também na melhoria da lapidação e ourivesaria, aumentando a produção e agregando valor às joias produzidas na cidade.

Mercado

Cerca de 30% das opalas garimpadas são de alta qualidade e seguem para exportação, movimento que chega a render até R$ 500 mil anuais para lapidários de Pedro II. Os principais compradores são os Estados Unidos e a Alemanha, além de França e Suíça, que também valorizam o produto.

Os 70% restantes ficam na região e são utilizados na produção de joias artesanais, comercializadas no próprio Nordeste e em alguns Estados brasileiros.

Exploração

Segundo estimativas dos garimpeiros, ainda há jazidas inexploradas na localidade. Hoje, existem cerca de 30 minas, a maioria é explorada pelos 180 garimpeiros da Cooperativa de Garimpeiros de Pedro II. Estudos sugerem que apenas 10% da reserva desta pedra preciosa foi explorada. Com a organização do setor, as associações receberam o suporte que faltava para se desenvolverem.

Território

A paisagem árida do interior do Piauí esconde a riqueza que a região oferece. Em Pedro II, no norte do Estado, no entanto, está estampada já no portal da cidade, onde se lê que o lugar é a “Terra da Opala”.

Localizado ao norte do Piauí, Pedro II foi fundado e emancipado por portugueses, em 1854. A área onde ocorre o garimpo está assentada sobre serras, cujas altitudes chegam a atingir até 850 metros. O clima durante o ano todo é frio e seco, com temperatura média de 18° C a 28° C.

A identificação das rochas como opala de alta qualidade deu abertura ao surgimento das primeiras áreas de garimpo e mineração. Em meados da dé- cada de 1960, a empresa de Minérios Brasil começou a explorar a área, chamada Boi Morto, que se tornou a principal jazida da região. Paralelamente, outros garimpos foram desenvolvidos na região.

Na década de 1980, houve um início de esvaziamento, devido à dificuldade de encontrar pedras de qualidade. Acredita-se que este fato ocorreu por causa da redução das reservas naturais. No entanto, estudos mais recentes estimaram uma reserva geológica de 1,2 mil toneladas de opalas brutas em Pedro II.

Movimentação do turismo

Com a união dos garimpeiros, joalheiros e lapidários desta cidade piauiense, aliada à capacitação e à tecnologia na extração e na produção das joias, a opala já responde por um aumento considerável na geração de renda e no fomento ao turismo. A Indicação Geográfica ajudou ainda mais o setor, trazendo um ganho mercadológico que envolveu todos os setores paralelos à atividade turística, movimentando a região como um todo.

Somente em 2010, 13 áreas, inclusive a de Pedro II, fizeram a solicitação. O registro de IG é uma importante ferramenta de marketing e agrega valor. A cidade, com 45 mil habitantes, vive hoje praticamente de três atividades econômicas: turismo, garimpo e o artesanato com as preciosas opalas.

 

Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 712/2016

Açafrão da região de Mara Rosa, em Goiás, é o primeiro do país com indicação geográfica

A região do município de Mara Rosa é a primeira do estado de Goiás a ter indicação geográfica (IG) – selo conferido a produtos ou serviços característicos do seu local de origem, o que lhes atribui valor intrínseco, identidade própria, renome e os torna mais competitivos no mercado. Com apoio da Superintendência Federal de Agricultura de Goiás (SFA/GO), a Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa (Cooperaçafrão) obteve o registro de IG, na modalidade de indicação de procedência, para o açafrão (Curcuma longa). O açafrão goiano é o primeiro do país a conseguir a IG.

“A expectativa é que o selo venha agregar valor ao nosso açafrão”, diz o presidente da entidade, Arlindo Simão Vaz, ao se referir ao registro concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) no início deste mês. O desafio agora, acrescenta, é fazer parcerias para formar uma rede de distribuição capaz de levar o produto a supermercados e outros estabelecimentos comerciais. Hoje, o açafrão da região de Mara Rosa é vendido em pequenas embalagens apenas no comércio local.

O IG para o açafrão – planta usada como condimento na gastronomia e pela indústria farmacêutica – é o resultado de 10 anos de trabalho entre o Mapa, Cooperaçafrão, Emater, Universidade Federal de Goiás (UFG), Sebrae e governo de Goiás, assinala o fiscal agropecuário Rodrigo Batista de Paula, da Divisão de Política, Produção e Desenvolvimento Agropecuário da SFA/GO. Ele e a agente de atendimento agropecuário Maria Aparecida Pereira da Silva cuidam da área de indicação geográfica do Mapa em Goiás.

Procedência

A área com a indicação de procedência do açafrão inclui, além de Mara Rosa, Estrela do Norte, Amaralina e Formoso. Os quatro municípios ficam no norte goiano, entre Uruaçu e Porangatu. “A gente espera que essa conquista também contribua para alavancar o desenvolvimento regional e sirva de estímulo para novos projetos de IG em Goiás”, observa Rodrigo.

A busca pelo registro de IG foi a forma encontrada pelos agricultores para proteger a procedência do açafrão produzido na região de Mara Rosa, destaca o presidente da Cooperaçafrão.  Atualmente, acrescenta, cerca de 200 hectares são destinados ao cultivo da planta na área delimitada com indicação de procedência. Os 72 cooperados da entidade colheram em torno de 200 toneladas este ano.

De acordo com Rodrigo, a indicação geográfica só poderá ser utilizada pelos agricultores da região delimitada que sigam as normas técnicas de produção e beneficiamento estabelecidas no regulamento de uso. “Eles poderão exibir o selo no seu produto, evitando, assim, que outros produtores de açafrão não incluídos na área delimitada usem o nome geográfico irregularmente.”

 

Fonte: Ministério da Agricultura

Produtores de Corupá buscam certificação como banana mais doce do Brasil

Heinz Siewert é um dos principais produtores familiares de Corupá

Considerada capital catarinense da fruta, a cidade pleiteia o selo concedido pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial)

A cidade de Corupá, conhecida como a Capital Catarinense da Banana, pode ganhar outro título, a de produtora da banana mais doce do Brasil. Pesquisadores da Asbanco (Associação de Bananicultores de Corupá) realizam estudos e juntam documentos que provam que a indicação geográfica da cidade e o clima são propícios para produzir o fruto mais doce do país. A identificação do produto será garantida através de um selo de indicação geográfica.

O município oferece condições climáticas especiais, em função da sua localização, como microclima mais quente e úmido, maior amplitude térmica e chuvas bem distribuídas durante todo o ano para produzir bananas diferenciadas.

“Durante o dia o vento sobe a serra e durante a noite ele volta como ar frio. Essa amplitude térmica, manhã quente e noite fria, faz com que a planta respire menos à noite e gaste menos energia, desta forma essa energia é armazenada em forma de carboidrato no fruto e isso vai fazer com que a banana tenha maior relação de açúcares naturais e aromas”, explica o estudante de agronomia Eduardo José Haverroth.

A agrônoma Cláudia Sehn conta que o fruto de Corupá foi comparado com outros produzidos em diferentes regiões do Brasil. “Com esse estudo conseguimos perceber com a nossa banana é realmente mais doce serão entregues ainda este ano para a Secretaria Estadual de Agricultura.

A banana é a fonte de renda de cerca de 600 famílias de Corupá. O município produz anualmente 155 mil toneladas do fruto, 10% vão para exportação. A notícia de um selo que garante a fruta com a mais doce do país animou os produtores. Heinz

Siewert, um dos maiores produtores familiares da cidade, espera que o selo traga valorização do produto. “Haverá mais procura, valorização do produto e mais lucro, claro que nós produtores teremos que garantir a qualidade”. Siewert, a mulher Traud e a filha cuidam, sozinhos, de 15 mil bananeiras, distribuídas em nove hectares de terra. Por ano a família produz e vende cerca de 360 toneladas do fruto. Durante o período da safra, que ocorre entre julho e agosto, a família depende da ajuda de vizinhos e familiares para realizar o trabalho.

Benefícios da banana

O Brasil é o terceiro produtor de banana do mundo, a fruta é uma das mais consumidas pelos brasileiros. a fruta é conhecida pelo seu alto teor de cálcio e potássio, o que oferece benefícios, principalmente, para os praticantes de exercícios físicos. A banana tem o status de “alimentos dos atletas”, pois ajuda na prevenção de câimbras e dores musculares. No Brasil as principais variedades encontradas são: banana-da-terra, prata, maçã, nanica e ouro. A fruta também é rica em magnésio, fibras, triptofano e vitaminas, ajuda a regular o intestino, diminui o apetite, reduz a pressão arterial e ajuda a combater a pressão.

 

Fonte: ndonline

Cafés Vulcânicos buscam obter Indicação Geográfica

Cafés Especiais da Região de Poços de Caldas esperam obter a Indicação Geográfica (IG). / Foto: Prefeitura de Poços de Caldas

A obtenção da Indicação Geográfica será um marco importante para a agregação de valor aos cafés produzidos no município e na região

A Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Região de Poços de Caldas espera obter a Indicação Geográfica (IG) para reforçar a qualidade dos cafés produzidos em solos vulcânicos. Desde 2012, com o apoio da Prefeitura, ela está se estruturando para entrar formalmente com o processo de registro da IG junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).

“Nesses últimos anos tivemos muitas conquistas, com o fortalecimento da associação, aprovação da marca, realização do levantamento da qualidade, criação de um site para divulgação dos cafés, busca de parcerias, e o principal, que é a comercialização de cafés através de um sistema de rastreabilidade criado e implementado pela associação”, destaca o presidente da associação,  Marco Antônio Lobo Sanches.

A associação espera ter toda a documentação necessária para encaminhar o processo ao Inpi. “Faltam os levantamentos histórico e geológico. O primeiro deve ficar pronto até abril. Já o segundo está sendo finalizado em parceria com o IF Sul de Minas”, informa o coordenador de Fomento Agropecuário da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ulisses Ferreira.

Para o secretário de Desenvolvimento, Rodrigo Reis, a obtenção da Indicação Geográfica será um marco importante para a agregação de valor aos cafés produzidos no município e na região. “Ter a região organizada em uma instituição que busca a promoção do nosso principal produto agropecuário, com certeza, é algo que precisava acontecer. Essa união de forças vai possibilitar ganhos significativos para toda a cadeia produtiva do café, assim como acontece com produtos como o vinho no Vale dos Vinhedos e a Cachaça de Paraty, temos os Cafés Vulcânicos da Região de Poços de Caldas”, avalia.

 

Fonte: Prefeitura de Poços de Caldas

Assinatura de contrato garante teste de clones das cultivares de uva mais expressivas em regiões com Indicação Geográfica

Crédito: Viviane Zanella

A partir do próximo inverno, os viticultores que integram as regiões de Flores da Cunha, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Vale dos Vinhedos, todas detentoras de Indicações Geográficas de Vinhos Finos, poderão acompanhar no campo o desempenho de novos clones das cultivares que melhor expressam as características de cada terroir. Isso será possível graças ao contrato celebrado no início do mês de dezembro, entre a Embrapa Uva e Vinho e as Associações dos Produtores de cada Indicação –Apromontes, Aprobelo, Asprovinho e Aprovale.

O contrato é a formalização da parceria para execução do projeto “Seleção e avaliação de clones de variedades viníferas visando maior qualidade dos vinhos de indicações geográficas – Fase I”, aprovado com recursos da Embrapa. O líder do projeto, pesquisador Adeliano Cargnin, destaca que as tratativas iniciaram com a definição de duas cultivares representativas para cada Associação (veja lista completa abaixo) e a identificação de novos clones junto a viveiros italianos para importação. “Realizamos um  estudo detalhado de novos materiais que apresentam características diferenciadas e que poderão agregar maior tipicidade aos vinhos de cada região. Selecionamos cerca de oito clones distintos de interesse para cada uma das cultivares”, explicou Cargnin, que é especialista na área de melhoramento genético.

A implantação dos experimentos irá ocorrer a partir do mês de julho do próximo ano, com mudas importadas da Itália. A previsão é realizar a avaliação agronômica e as vinificações dos clones importados. “Com certeza será necessária uma Fase II do projeto, que deverá começar em 2020, para garantir uma recomendação precisa do melhor clone para evidenciar a tipicidade de cada uma das regiões”, ponderouCargnin.  Ao término do projeto, os resultados obtidos serão compartilhados com todo o setor produtivo.

“Este projeto é um exemplo de pesquisa colaborativa entre o setor público e o privado, representado pela associação dos produtores, as quais ajudaram a formular o projeto, elegendo prioridades, e participando com custeio parcial dos experimentos a serem realizados”, avaliou  o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus.

Além da Embrapa Uva e Vinho e das Associações de Produtores, o projeto também conta com a participação da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Embrapa Produtos e Mercado.

Cultivares por região:

IP Vale dos Vinhedos (Aprovale) – Cultivares selecionadas: Merlot e Chardonnay – experimento será instalado na Casa Valduga

IP Pinto Bandeira (Asprovinho) – Cultivares Chardonnay e Pinot Noir – experimento será instalado na Vinícola Aurora

IP Altos Montes (Apromontes) – Cultivares Cabernet Franc e Merlot – experimento será instalado na Luiz Argenta Vinhos Finos

IP Monte Belo (Aprobelo) – Cultivares Riesling Itálico e Cabernet Franc – experimento será instalado na Vinícola Calza

 

Fonte: Embrapa Uva e Vinho

Norte Pioneiro do Paraná

Crédito: Rodrigo Czekalski

A Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP) recebeu a certificação em maio de 2012. A conquista é um dos resultados do Projeto de Cafés Especiais, que teve início em 2006. O Norte Pioneiro envolve 46 municípios e reúne 7.500 cafeicultores, responsáveis pela produção de cerca de 2,2 milhões de sacas por ano, o que corresponde a 57% a produção paranaense de café em 2015

O café especial do Norte Pioneiro do Paraná foi o primeiro produto produzido naquele Estado a receber certificação de Indicação Geográfica -IG. Seu cultivo é favorecido por condições de clima e solo que proporcionam o ciclo completo de maturação da fruta e, posteriormente, dos grãos, fatores que, conferem atributos especiais e qualidades sensoriais ao café da região.

O Norte Pioneiro do Paraná abrange 46 municípios e 7.500 cafeicultores, que produzem aproximadamente 2,2 milhões de sacas por ano. A meta dos produtores é manter a organização e buscar mais tecnologias para que a região possa explorar melhor suas potencialidades. Os produtores estão reunidos em duas cooperativas que, além da região Norte Pioneiro, inclui também o Norte do Paraná.

O café do Norte Pioneiro já é exportado há 5 anos e, atualmente, a capacidade e a tecnologia de produção e colheita estão sendo aprimoradas com o objetivo de aumentar qualidade, agregar valor e atender a demanda em constante crescimento.

Procedência

Registro IG 200903 INPI Indicação de Procedência/2012 
Área Geográfica Delimitada: 155 mil ha (45 municípios das regiões Norte e Norte Pioneiro do Paraná) Altitude: 500m e 900m

Garantia da Origem

A IG atribui identidade própria ao produto ao garantir a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais do café produzido na região, de acordo com as normas estabelecidas para a concessão do selo de qualidade pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial-INPI. Também representa o reconhecimento das qualidades particulares do produto, agregandolhe valor no mercado nacional e internacional, e visibilidade e projeção da região no mundo. Além disso, permite proteção do produto (reduzindo as falsificações) e de sua variedade e imagem, da renda do produtor, dos direitos do consumidor, da riqueza e do desenvolvimento, do território, da cultura e da tradição da região.

Valor agregado

Com a conquista da Indicação de Procedência-IP, os produtores passaram a receber valor 25% superior pela saca de café. Os órgãos públicos de apoio e fomento pretendem reforçar o quadro de funcionários da assistência técnica, a fim de ajudar os cafeicultores a elevar a produtividade que, em média, é de 23 sacas/hectare, para 40 sacas por ha. Outro objetivo é formar especialistas em degustação para conferir a qualidade da bebida e a instalação de 330 unidades demonstrativas para o reconhecimento do processo de produção, ações que deverão valorizar entre 30% e 35% o café especial em relação ao preço do mercado.

A certificação do Norte Pioneiro do Paraná como região produtora de cafés especiais é fruto de um trabalho intenso realizado por várias instituições representantes e parceiras da cadeia produtiva do café na região, que formam o Consórcio Pesquisa Café. Entre as instituições diretamente envolvidas estão o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), e a Embrapa Café, que coordena o programa de pesquisa, e a Cooperativa de Cafés Especiais Certificados do Norte Pioneiro do Paraná (Coenpp), entre outras.

Há 15 anos, o trabalho conjunto entre produtores, pesquisa, ensino, extensão, indústria e governo iniciou a busca por melhorar a qualidade do café produzido na região. Os produtores, por sua vez, precisaram rever suas concepções sobre técnicas de cultivo e manuseio do café e foram capacitados em boas práticas, como aquisição de mudas de qualidade, adoção de técnicas de proteção do solo, adubação, adensamento, redução de agrotóxicos nas lavouras e rastreabilidade da produção, entre outras.

Condições favoráveis

O Programa de Cafés Especiais também deu origem, em 2014, ao Programa 100% Qualidade, que promove a capacitação dos agricultores voltada para certificação, gestão da propriedade, aproveitamento de resíduos e técnica de manejo de café cereja descascado.

100% Qualidade

O Projeto de Cafés Especiais, lançado em 2006, mostrou o potencial de mercado desses grãos e revelou aos agricultores um novo modelo de produção. Especialistas do Instituto Agronômico do Paraná-Iapar realizaram testes visando embasar as avaliações das características regionais do café, além da análise bioquímica e sensorial.

As condições climáticas da região são ideais para a produção de cafés finos. As temperaturas médias anuais entre 19 e 22°C, a altitude entre 500m e 900m, as qualidades da “terra roxa” e a precipitação pluviométrica, que permite o cultivo sem irrigação, ou com irrigação complementar, são determinantes para a bebida.

Tais características também favorecem a fixação mais intensa dos atributos e conferem excelente caracterização da bebida, como doçura intensa, suavidade, corpo equilibrado, acidez cítrica agradável e marcante sabor residual, com sabor e aroma oscilando entre chocolate, caramelo, floral cítrico e frutado.

História e tradição

O Norte Pioneiro do Paraná foi a porta de entrada para a colonização de toda a região norte paranaense. Quando os cafeicultores iniciaram a subida do curso do rio Paraíba, identificaram o planalto de São Paulo como ideal para suas plantações, local onde começa a convergência do cultivo para as terras roxas do oeste paulista. Consequentemente, São Paulo passou a ser o principal produtor de café do Brasil e o principal fornecedor para o mercado externo.

No entanto, implementada a cobrança de impostos por novos pés de café, para conter o avanço da cafeicultura, os fazendeiros do sudeste de São Paulo se sentiram motivados a fazer novas plantações e escolheram as terras roxas e férteis do Paraná.

O cultivo itinerante do café determinou a vinda de diversos tipos de imigrantes, gerou construções de ferrovias e estabeleceu as relações econômicas da região. Mais de 200 cidades surgiram na metade do século XX, tais como Jacarezinho, Cornélio Procópio, Londrina e Maringá. Tradicionais famílias vivem na região, com mais de 100 anos de rica história ligada à produção de café.

Programa mundial de pesquisas

O parque cafeeiro paranaense chegou a representar aproximadamente 40% da área cultivada e 50% da produção nacional de café até meados de 1975, quando a geada quase dizimou as plantações. Atualmente, a região do Norte Pioneiro responde por cerca de 50% do café paranaense, que produz de
1,6 a 2 milhões de sacas por ano.

O Brasil desenvolve o maior programa mundial de pesquisas em café, que reúne mais de 700 pesquisadores, de cerca de 40 instituições, envolvidos em 74 projetos dos quais fazem parte 355 Planos de ação. A interação entre as instituições e a união de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais, permitem elaborar projetos inovadores. Esse arranjo institucional atua em todos os segmentos da cadeia produtiva, tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores.

Mais informações: Cooperativa de Cafés Especiais Certificados do Norte Pioneiro do Paraná (Cocenpp)
– Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro (Acenpp).

Tel.: (43) 3556-1840
www.acenpp.com.br
cocenpp@cocenpp.com.br

 

Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 711/2015

Indicação geográfica é diferencial competitivo na produção apícola

Boletim do Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Sebrae orienta empresários a buscar selo que garante qualidade dos produtos

Em um mercado cada vez mais competitivo, é natural que os apicultores busquem maneiras de diferenciar o produto ou serviço oferecido. Uma das maneiras de se obter diferenciação e vantagem competitiva é por meio da Indicação Geográfica, como aponta recente boletim divulgado pelo Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Sebrae voltado para o setor apícola. Este selo, além de ampliar a competitividade, valoriza a cultura e as particularidades da região e também protege os apicultores da concorrência desleal com produtos falsificados.

Existem duas formas de Indicação Geográfica, processo cujo órgão responsável no país é o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI): a denominação de origem (que reconhece a qualidade e as características que diferenciam o produto de acordo com as condições meteorológicas, geográficas e humanas de onde é produzido) e a indicação de procedência (atribuído a determinada região que tenha um título de referência na produção ou extração de determinado produto). Hoje, são 44 certificados reconhecidos no país, sendo 35 indicações de procedência e 9 denominações de origem.

No setor apícola, a região do Pantanal – que abrange os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – recebeu a certificação de Indicação Geográfica, a primeira deste segmento no país. Este reconhecimento está protegendo os empresários locais da comercialização de  produtos falsificados e de baixa qualidade. A Indicação atesta a qualidade singular da produção na região do Pantanal, com características naturais de vegetação, clima e habilidade dos apicultores locais. “Proteger e incentivar a conservação da natureza com abelhas africanizadas e nativas no Pantanal foi o principal objetivo para a busca desta certificação, além de agregar valor ao mel da região”, explicou o presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura de Mato Grosso do Sul (FEAMS), Gustavo Nadeu Bijos, em entrevista à Embrapa.

A própolis vermelha produzida em Alagoas também recebeu o selo de Indicação Geográfica e tem sua qualidade reconhecida internacionalmente. Segundo Amanda Bentes, analista de Agronegócio do Sebrae/AL, “o estado passa ser reconhecido como o único produtor certificado de própolis vermelha no mundo, o que protege a biodiversidade e traz desenvolvimento à região”. O requerimento para a obtenção do registro junto ao INPI deve ser feito por uma entidade que represente coletivamente os apicultores, seja ela uma associação ou uma cooperativa. Por este motivo, é importante que o empresário do setor busque este tipo de cooperativismo.

Para os produtores que se interessaram nos diferenciais da Indicação Geográfica, o SIS/Sebrae recomenda:

– Confira o Guia básico de indicação geográfica no portal do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para facilitar a abertura do processo

– Procure na ABNT o convênio feito com o Sebrae para o desenvolvimento de Norma Técnica em Indicação Geográfica, que tem como objetivo orientar os produtores e empresários a gerir sua IG.

– Conheça os decretos, portarias, resoluções e normas para apicultura. O Ministério da Agricultura apoia projetos para potenciais Indicações Geográficas ou para IG já registradas, dando suporte para a obtenção do selo.

 

Fonte: Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae

Vinhos da Campanha Gaúcha terão selo de procedência

 

A ciência está trabalhando para que os vinhos finos produzidos na Campanha Gaúcha, região que abrange parte do oeste e sul do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai e a Argentina, tenham a Indicação de Procedência, um selo de qualidade concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). O selo vai permitir ao consumidor, por exemplo, identificar o produto e sua origem com confiabilidade. Para isso, os pesquisadores estão desenvolvendo ações como delimitação da área geográfica de produção; zoneamento de clima; testes e escolha das cultivares de uva com maior potencial à produção de vinho; definição de estratégias de controle de doenças e pragas.
A Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS), a 109 quilômetros de Porto Alegre, está à frente de todo o trabalho do Projeto IG Vinhos da Campanha, com pesquisas aplicadas, para estruturar e implantar essa Indicação de Procedência na região, que é o segundo maior polo produtor de vinhos finos do Brasil, respondendo por 31% da produção. A Serra Gaúcha está em primeiro lugar, com 59% da produção.

O trabalho técnico embasará o amparo legal, protegendo e garantindo a exclusividade de uso da marca nos vinhos, de acordo com as normas do INPI, que prevê, entre outros itens, o nome geográfico conhecido como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou de prestação de serviço. A Indicação de Procedência (IP) é uma das modalidades do registro de Indicação Geográfica (IG) concedido pelo INPI. Segundo o pesquisador da Embrapa Samar Velho da Silveira, que coordena as ações, o projeto vai gerar também as bases para o desenvolvimento de denominações de origem de vinhos finos e espumantes em áreas específicas da região, além de sustentabilidade ambiental e econômica.

As ações reúnem 41 pesquisadores e mais 30 colaboradores de dez instituições parceiras, como as universidades Federal do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e a Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha. Todo o trabalho é organizado em grupos temáticos: Indicação Geográfica, Viticultura e Fitotecnia, Enologia, Solos e Instalação, Zoneamento de Potencial e Riscos Climáticos e Sistemas de Informações Geográficas.

São esperados resultados e inovações que podem aumentar a competitividade do setor, fortalecer e consolidar o nome da Campanha Gaúcha, além de promover o desenvolvimento do enoturismo. Os pesquisadores trabalham, por exemplo, para o aperfeiçoamento dos métodos de preparo, manejo e conservação do solo; estruturação de sistemas de informações geográficas e elaboração de mapas digitais da região vitícola, bem como a construção de uma rede de monitoramento meteorológico.

O diferencial da região

Até agora, já foram desenvolvidas atividades nos municípios de Santana do Livramento, Itaqui, Maçambará,Dom Pedrito, Bagé e Candiota. Os pesquisadores enfrentam também desafios na condução dos trabalhos. O primeiro deles, de acordo com o coordenador do projeto, é a falta de costume da população rural da região com o cultivo da videira.

Silveira lembra que, historicamente, a Campanha Gaúcha tem um perfil mais agropecuário do que agrícola. Outro desafio apontado é a “falta de investimentos significativos à ampliação do plantio de novas áreas, instalação de mais vinícolas e capacitação técnica da população local”.

Mas a região revela um diferencial que está atraindo a produção de uvas viníferas. Ela possui maior insolação, portanto, maior fotossíntese nas plantas e com isso mais produção de açúcares nos frutos; clima com menos chuva nos meses que antecedem a colheita, o que evita doenças nas plantas geradas por fungos e bactérias; o solo é mais arenoso, o que ajuda na drenagem da água e evita doenças nas raízes, bem como a topografia, que é levemente ondulada, facilitando a mecanização.

Além de todos esses fatores positivos, o valor da terra é baixo para os padrões do Sul do País. Hoje, um hectare na Campanha custa R$ 15 mil, enquanto  na Serra Gaúcha, que além da vinicultura é grande polo moveleiro, não sai por menos de R$ 60 mil.

Estímulo aos investimentos

Os produtores acreditam que o reconhecimento da região, por meio da Indicação de Procedência, será um impulso para o desenvolvimento econômico dos onze municípios da Campanha Gaúcha. Os impactos esperados podem mudar a geografia da produção com a obtenção de estímulos a novos investimentos e a inovações tecnológicas, preservando características e tipicidade dos vinhos, estabelecendo, assim, um patrimônio da região.

Segundo o presidente da Associação de Produtores de Vinhos Finos, Giovanni Peres, a Indicação de Procedência será valiosa para consumidores e vinicultores. “É uma conquista, pois vai fortalecer a imagem dos vinhos da Campanha. Queremos que o consumidor, ao comprar uma garrafa com o selo, tenha a certeza de estar adquirindo um vinho de qualidade superior”.

O engenheiro-agrônomo Fabrício Domingues, da vinícola Almadén, a maior da região, concorda com Peres sobre a importância do selo de qualidade: “Penso que a Indicação de Procedência da Campanha será um diferencial para competir com as bebidas importadas. Temos que buscar o reconhecimento de qualidade dos produtos nacionais diante dos importados, chilenos e argentinos principalmente, e essa indicação servirá para que  nossos produtos sejam reconhecidos tecnicamente como tão bons quanto os vindos de fora”.

Vinhos finos da fronteira

Encravada no bioma Pampa, a região da Campanha Gaúcha inclui onze municípios em uma área de 41.614 km2, superior à da Suíça, que é de 41.285 km2. A população é estimada hoje em 570 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os municípios de Candiota, Bagé, Dom Pedrito, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Quaraí, Uruguaiana e Itaqui são referências da região na produção de uva e vinhos finos.

Reunidas, as dez vinícolas da Campanha têm hoje no mercado quase 300 rótulos. Em 2014, segundo Giovanni Peres, foram produzidos 12 milhões de litros. Para este ano, a expectativa da associação é que a produção chegue a 20 milhões de litros. A região  hoje conta com cerca de 180 empresários envolvidos na produção de uvas e vinho. Eles trabalham com variedades viníferas, de origem europeia, como a Cabernet Sauvignon, a de maior prestígio no mundo, Merlot, Tannat, Pinot Noir, Viognier, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

Mais conhecida no mercado, a Serra Gaúcha já possui cinco regiões produtoras de vinhos finos com Indicação Geográfica e de Procedência concedidas pelo INPI: Vale dos Vinhedos, Altos Montes, Pinto Bandeira, Monte Belo e Farroupilha. Esses selos foram obtidos com auxílio da Embrapa Uva e Vinho, em parceria com associações de produtores e as universidades Federal do Rio Grande do Sul e de Caxias do Sul, que participou de todo o trabalho de pesquisa, desenvolvimento e inovação para que essas regiões conquistassem o reconhecimento.

 

Fonte: Embrapa

São João del Rei

Ruzza Lage

O um processo que levou quase cinco anos, os produtores ligados à Associação dos Artesãos de Peças em Estanho de São João del Rei (AAPE) passaram a contar com o selo de Indicação de Procedência- IP em suas peças no início de 2012.

Todo processo começou em 2006, como resultado de um trabalho de pesquisadores do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Psicossocial da UFSJ. A partir dos resultados obtidos, foi sugerido pela Comissão de Propriedade Intelectual da UFSJ, o desenvolvimento de um projeto de extensão com objetivo de conseguir o reconhecimento da cidade como Indicação de Procedência.

A Conquista
Em setembro de 2010, foi depositado o pedido de registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial-IN PI. Além de artigos acadêmicos, o projeto enviado contou com a participação e reunião de oito das dez empresas que atuam na cidade, reforçando a importância do produto para a cultura local.

Os associados da Associação dos Artesãos de Peças em Estanho-AAPE criaram uma regulamentação onde estão elencadas todas as características que o processo de produção das peças deve ter para receber o selo de Indicação de Procedência  “São João del Rei”.

O controle de qualidade é feito pelos associados e representantes de entidades sanjoanenses que apóiam a produção artesanal na cidade.

A logomarca para identificação se inspirou no sino — símbolo tradicional de São João del Rei — e na taça, peça significativa do artesanato em estanho.

História e Tradição
O estanho já era produzido nos municípios mineiros de São João del Rei e Tiradentes desde o século XVIII. O uso de estanho na confecção de utensílios domésticos e litúrgicos foi muito difundido na região no período colonial. Porém, com o advento das peças de alumínio e outros materiais, o estanho foi substituído, sendo o seu uso mais restrito à liga do bronze.

A chegada de John Leonel Walter Somers, um antiquário inglês, a São João del Rei, resgatou a produção de peças de estanho, devido ao seu interesse pelas esculturas antigas. Segundo artesãos locais, a vinda de John Somers para a cidade foi “um marco, uma benção.”

Uma das maiores cidades setentistas mineiras, São João del Rei é marcada pela religiosidade, mantendo viva toda a tradição das procissões, do culto e do soar dos sinos. As peças artesanais em estanho carregam um sentido de natureza simbólica, que remete à identidade cultural sanjoanense. As produções conservam as mesmas características coloniais do século XVIII, mantendo uma continuidade com o passado. As peças artesanais fabricadas em estanho representam a tradição local e a identidade histórico-cultural da região.

Cidade histórica
Escolhida como capital brasileira da Cultura, em 2007, São João del Rei é uma das principais cidades históricas de Minas Gerais, com um vasto patrimônio histórico e cultural. Está posicionada com destaque no Circuito dos Inconfidentes e na Estrada Real.

O conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1983. As ladeiras, capelas, igrejas, casarios, os casarões coloniais, as pontes e os Passos da Paixão, são magníficas edificações do barroco com composições do gosto rococó, guardando a riqueza do ciclo do ouro.

A decadência
O artesanato, ou a indústria de estanho no Brasil existiu no período colonial, quando ourives e prateiros, vindos da Europa, precisavam se sustentar. No entanto, as matérias-primas destes ofícios eram confiscadas pela Coroa portuguesa. Os artesãos usavam o material mais próximo e disponível para fazer os seus trabalhos, assim, o estanho ganhou força.

Como o Brasil era um país jovem e sempre ávido pela vanguarda da moda, quando a porcelana foi introduzida nas mesas européias, não demorou a chegar ao País. A novidade fez com que a indústria de peças utilitárias e decorativas de estanho, caísse em desuso. Além do mais, os artesãos já tinham acesso à sua matéria-prima.

O ressurgimento
Somente a partir da década de 1960, com a insistência de John Somers, que a fabricação de peças de estanho finalmente se consolidou. Observando os altares das igrejas barrocas e a mão de obra local, Sommers percebeu que era possível se produzir estanho de qualidade, nos moldes do século dezoito, porém, com tecnologia moderna. Ele aprendeu a fabricar as peças e ensinou o ofício a outras pessoas.

Logo, fábricas de produtos de estanho proliferaram pela cidade mineira, que hoje constituem-se na identificação cultural e incentivam o turismo na tradicional cidade mineira.

A liga
O estanho é um metal beneficiado a partir da cassiterita, muito macio, o que impede de ser utilizado puro. Por isso, é feita uma liga denominada “pewter”, que contém de 90 a 98% de estanho, sendo o restante composto por 1 a 8% de antimônio e 0,25 a 3% de cobre.

Este detalhe é significativamente importante, pois é a garantia que as empresas dão aos seus clientes de que seus artigos, principalmente para uso alimentar, são fabricados por essa liga reconhecida como “pewter”.

O estanho é um metal quimicamente estável, razão pela qual é usado em utensílios de mesa, porque não altera o sabor ou a propriedade dos alimentos.

O artesanato em estanho de São João del Rei tem características barrocas. Peças sacras e utensílios domésticos possuem design colonial o que reforça a identidade cultural da cidade. Nas peças sacras, são mantidas as formas arredondadas da religiosidade sanjoanense, aspecto que agrega valor ao produto.

Desenvolvimento regional
A cidade possui hoje 10 fábricas, com uma produção de 5 mil peças por mês. O faturamento médio das empresas é da ordem de R$ 150 mil por mês, gerando, pelo menos, 80 empregos diretos, além do montante de R$ 15 mil mensais de impostos para o município.

Acabamento
O processo de fabricação é todo artesanal, feito por profissionais qualificados. As peças são fundidas em moldes metálicos, geralmente ferro fundido, e depois torneadas. Por fim, recebem dois acabamentos:

• O polido: é a cor original do estanho, com alto grau de polimento, onde a peça fica toda brilhante.

• O fosco: seu envelhecimento é conseguido artificialmente com banhos de imersão em solução ácida. A peça torna-se fosca e algumas têm um friso polido, revelando um contraste muito bonito.

As peças em estanho são a expressão de um patrimônio imaterial relacionado ao saber-fazer artesanal, com as características identitárias e culturais próprias da cidade de São João del Rei.

O selo traz consigo uma garantia de qualidade e, segundo os produtores, o turista se sente mais seguro em comprar o produto com o reconhecimento de Indicação Geográfica. Com a certificação, foi possível o fortalecimento do grupo de artesãos, pelo aumento da competitividade e maior atratividade do produto. Todos esses aspectos consolidam a tradição, favorecendo assim, o desenvolvimento regional.

 

 

Fonte: Revista A Lavoura Edição Nº 708/2015