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Ouro rubro

Própolis vermelha, peculiar dos manguezais alagoanos, tem sua matéria-prima retirada de uma árvore nativa, conhecida como "Rabo de bugio", por abelhas africanizadas. Foto: Divulgação

Com características químicas e farmacológicas únicas no mundo, a própolis vermelha, produzida nos manguezais do Estado de Alagoas, é um produto que teve sua Indicação Geográfica (IG) registrada em 2012, na modalidade “Denominação de Origem” (DO). A certificação foi concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável por este tipo de cadastro no País.

Sua peculiaridade vem da ação de abelhas africanizadas (Apis melífera) que, com suas patas, retiram da planta, popularmente conhecida como “Rabo de Bugio” (Dalbergia ecastophyllum), uma substância resinosa de coloração avermelhada e aroma balsâmico. Depois disto, elas transportam o material até a colmeia, onde é transformado após a ação salivar destes insetos.

A IG agrega valor ao produto, abrindo novas possibilidades para os agricultores — neste caso, para os apicultores da região e comunidades alagoanas.

Esta certificação — primeira denominação de origem do setor e a terceira do País — é reconhecida internacionalmente, fato que dá direito à própolis vermelha carregar um selo, permitindo a utilização do nome geográfico, com indicação de origem, e alcançando, a partir daí, maior valor agregado nos mercados interno e externo.

Com a Indicação Geográfica concedida à produção alagoana de própolis vermelha, o Estado passou a ser reconhecido como o único produtor deste item em todo o mundo, título que ajuda, inclusive, a proteger a biodiversidade brasileira.

Procedência
Registro IG 201101 
INPI: Denominação de Origem/2012 
Delimitação: Localiza-se nos municípios do litoral e complexo estuarino lagunar, no Estado de Alagoas

Propriedades diferenciadas

O “ouro rubro”, como a própolis vermelha também é chamada por muitos pesquisadores, atrai a atenção de cientistas de todo o planeta e a concessão da IG atesta que este produto, originalmente nacional, contém propriedades diferenciadas em relação a outros 12 tipos de própolis, já catalogados no País.

Victor Vasconcelos Carnaúba, pesquisador da própolis vermelha e mestre em Análise de Alimentos e Segurança Alimentar, comemora as conquistas das novidades que envolvem o extrato alagoano. “O produto é 100% natural e as pesquisas ainda não relatam nenhum efeito colateral, o que é um impositivo para torná-lo ainda mais importante”, garante.

Descobertas mais recentes são bem animadoras: a seiva do “ouro rubro” vem trazendo resultados positivos no controle de diabetes, hipertensão, câncer e até HIV , segundo Carnaúba. No primeiro caso, a própolis vermelha regula o controle da glicose no sangue; no segundo, age como vasodilatador, aumentando os vasos sanguíneos e melhorando o fluxo do sangue. No terceiro caso, ajuda a eliminar os radicais livres, que estão ligados aos processos degenerativos do organismo humano. Nas pesquisas de HIV , a seiva tem impedido que o vírus se reproduza nas células, reduzindo os sintomas da doença em portadores da doença.

“Em doenças como câncer e HIV , as drogas sintéticas têm efeitos muito pesados e negativos, que contribuem até para o abandono do tratamento, como a queda de cabelo, diarreia, náuseas e manchas na pele, ao contrário dos medicamentos encontrados na natureza”, defende o pesquisador. Ainda destaca que “a própolis vermelha não é utilizada como substitutivo do tratamento, mas como complemento que atua, muitas vezes, na prevenção”.

Durante as últimas pesquisas, Carnaúba também descobriu mais uma qualidade da própolis vermelha: a seiva é um poderoso conservante natural de alimentos. “Fiz testes com queijo coalho e iogurte e o extrato melhorou em até dez dias o tempo de qualidade na conservação dos produtos”, relata.

Características

A própolis vermelha in natura apresenta coloração avermelhada, sabor balsâmico e aroma anis-adocicado. É rígida em temperatura abaixo dos 20º C e consistente maleável entre 20 e 40º C.

De acordo com o professor Ticiano Gomes, do Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Controle de Qualidade de Medicamentos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), suas propriedades únicas trazem diversos benefícios para a saúde, como prevenção de doenças cardiovasculares, osteoporose e combate ao colesterol.

Também é indicada para dermatites, ferimentos, inflamações e infecções, por ser anti-inflamatória, antioxidante, cicatrizante e, até mesmo, antitumoral. Além disto, é utilizada para fabricação de pastas de dente, soluções de bochecho, balas, entre outros produtos.

Propriedades

Estudos revelam ainda que o “ouro rubro”, extraído das colmeias das abelhas africanizadas de Alagoas, pertencia a um novo grupo de própolis, com características químicas e farmacológicas especiais. Suas propriedades biológicas estão diretamente ligadas à própria composição química.

Também se diferencia por seu alto teor de compostos fenólicos, especificamente isoflavonoides, os quais nunca foram encontrados em nenhuma outra própolis. Vale ressaltar que foi classificado como um novo tipo de própolis por causa de sua origem vegetal: a leguminosa “Rabo de Bugio” (Dalgerbia ecastophyllum), planta nativa e característica das áreas de mangue do litoral alagoano.

Comércio

O acompanhamento técnico para o aumento da produção, as ações trabalhadas coletivamente e o emprego de ferramentas gerenciais trazem, para a própolis vermelha, possibilidades de ampliar seu comércio em território nacional e no exterior.

Após a certificação de Indicação Geográfica, “Alagoas passou a ser reconhecido como o único produtor da própolis vermelha certificada no mundo, fato que protegerá a nossa biodiversidade e trará mais desenvolvimento ao nosso Estado”, destaca Amanda Bentes, analista de Agronegócio do Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Alagoas.

Para o empresário Mario Calheiros, presidente da União dos Produtores de Própolis Vermelha do Estado de Alagoas (Uniprópolis), a certificação, concedida no dia 29 de maio de 2012, foi resultado de mais de dez anos de trabalho dos produtores, em conjunto com o Sebrae. “Como gestores do selo, estamos estruturando, cada vez mais, nossa cadeia produtiva e agregando valor ao nosso produto. Como se trata de um item para a indústria farmacêutica, temos sempre de aprimorar nosso processamento”, ressalta.

Produtos farmacêuticos

Desde 1996, quando o curso de Farmácia foi implantado na Universidade Federal de Alagoas, a própolis vermelha vem sendo alvo de estudos na área de Fitoquímica da unidade de ensino. Suas propriedades já chamavam a atenção, mas foi em 2005 que o professor da Ufal Ticiano Gomes do Nascimento, doutor em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, intensificou as pesquisas em torno deste extrato.

“Começamos por obter extratos brutos de própolis vermelha com atividade antimicrobiana. Naquela época, produzimos xarope de própolis e elixir melitos”, lembra Gomes.

Três anos mais tarde, os trabalhos ganharam maior reforço, após a contratação do professor Irinaldo Diniz Basílio Junior, também doutor em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos; e com a aquisição de novos equipamentos, como o spray dryer.

“A partir daí, pudemos desenvolver microencapsulados de própolis vermelha de dois tipos: o gastrorresistente, que retarda a liberação no estômago e libera o medicamento no intestino; e a segunda geração, que é de liberação controlada. Temos, então, dois microencapsulados que podem ser transformados em dois produtos”, informa Gomes.

Após a solicitação do depósito de patentes junto ao IN PI, nos anos de 2012 e 2014, a tecnologia desenvolvida para a produção dos microencapsulados de própolis vermelha é mantida sob sigilo (até o fechamento desta edição de A Lavoura).

Suplemento alimentar

As pesquisas desenvolvidas pela Ufal já comprovaram que o “ouro rubro” pode ser usado no combate às bactérias multirresistentes, encontradas em ambiente hospitalar. Também é eficiente para o tratamento tópico das feridas em humanos, provocadas pela leishmaniose. Ainda tem propriedades antioxidantes, ou seja, elimina os radicais livres; ação antimicrobiana, podendo ser utilizado como opoterápico, de terapêutica complementar no tratamento da Aids; e ainda ser aplicada na prevenção de câncer.

Até na indústria cosmética a própolis pode ser usada na produção de xampus para eliminar caspa, por exemplo, segundo informações dos pesquisadores Ticiano Gomes e Irinaldo Diniz.

Localização

Os manguezais alagoanos ficam na região litorânea e lagunar do Estado de Alagoas. Banhados pelo Oceano Atlântico, possuem um clima tropical úmido, sem grandes oscilações térmicas ao longo do ano, com períodos chuvosos no outono e inverno, e secos na primavera e verão. Eles têm um tipo de vegetação arbóreo-arbustiva, que se desenvolve nos solos lamosos dos rios tropicais e subtropicais, em uma zona de transição entre os habitats de água doce e salgada.

Dentre as atividades sustentáveis, realizadas pela população alagoana das zonas costeiras e ribeirinhas, está a apicultura, bastante incentivado como forma de produção agrícola. Isto porque a criação de abelhas, além de trazer lucros ao produtor, favorece o equilíbrio biológico dos ecossistemas, por intermédio da polinização destes insetos, e minimiza o impacto ambiental.

A região dos manguezais de Alagoas representa um ecossistema fundamental para a estabilidade da geomorfologia costeira do Brasil, a conservação da biodiversidade e a manutenção de amplos recursos pesqueiros. Trata-se de um patrimônio ambiental, cultural, econômico e social de alta relevância para o País.

 

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Fonte: Revista A Lavoura edição nº 714/2016

Cachaça artesanal: genuína bebida nacional

A partir da produção de uma das mais famosas bebidas brasileiras, a região de Salinas, em Minas Gerais, ganha visibilidade ímpar, após conquistar a Indicação Geográfica na categoria Indicação de Procedência, em 2012

A cachaça está presente na história do país, desde os tempos da colonização, e são inúmeras as versões para o aparecimento dessa bebida destilada, originalmente brasileira. Uma delas relata que, por volta de 1532, os portugueses teriam trazido a cana-de-açúcar e as técnicas de destilação da Ilha da Madeira e aprimorado por aqui.

Outra remete a um período posterior: à história de um escravo que trabalhava em um engenho, no Estado de Pernambuco. Ele armazenava a “cagaça”, um caldo esverdeado e escuro que se forma durante a fervura do caldo de cana. O líquido fermentava naturalmente e, por causa das alterações de temperatura, evaporava e condensava, formando pequenos pingos de cachaça nos tetos do engenho.

Histórias à parte, fato é que a aptidão para produzir a cachaça artesanal trouxe, há quatro anos, mais visibilidade para a região de Salinas, em Minas Gerais, como forma de expressão de suas potencialidades no contexto econômico, social e cultural no Brasil.

Procedência
Registro IG 200908 Indicação de Procedência, 2012
Delimitação: Abrange a totalidade dos municípios de Salinas e Novorizonte e parte dos municípios de Taiobeiras, Rubelita, Santa Cruz de Salinas e Fruta de Leite, todos situados ao Norte do Estado de Minas Gerais. A área total é de 2541,99 km2.


Título

Genuína e premiada aguardente, feita de cana-de-açúcar, a cachaça artesanal é cada vez mais cobiçada por sua qualidade única e tradição. Prova disso é que, em 2012, a bebida fabricada em terras mineiras recebeu o título de Indicação Geográfica (IG) na categoria Indicação de Procedência (IP), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Idealizado por produtores locais, organizados através da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (APACS), o projeto para conquistar a IG começou quase três anos antes, período em que trabalharam com afinco para agregar mais valor ao produto. Agora, a Indicação Geográfica da cachaça produzida nos alambiques de Salinas colabora para o fomento e valorização da bebida de Minas, tanto no mercado interno quanto externo, aumentando o potencial para as exportações. As portas para os Estados Unidos e Europa, por exemplo, se abriram depois da certificação.

História e tradição 

A produção de cachaça artesanal em território mineiro teria começado no fim do século 19, seguindo os rastros da atividade pecuária, na época do povoamento daquela região. Encarregados da lida com o gado, os escravos teriam experiência na produção dessa bebida destilada.

Há relatos que, em 1876, fugindo da seca da Bahia, Balduíno Afonso dos Santos teria trazido as primeiras mudas de cana-de-açúcar caiana a Minas Gerais, após se instalar às margens do Rio Serra Ginete. Alguma produção em escala comercial já seria uma realidade no município, no início do século 20, por causa da qualidade do produto.

Na década de 1930, o fazendeiro João da Costa apresentou a variedade de cana Java, que se adaptou muito bem ao clima e solo mineiro, se espalhando rapidamente. As boas perspectivas para a fabricação da cachaça artesanal, em Minas, começaram a partir dos anos de 1940, pelas mãos do fazendeiro Anísio Santiago, primeiro produtor a identificar e a legalizar a produção desse tipo de bebida.

A experiência positiva proporcionou o surgimento de novos produtores, iniciando uma atividade que mudou todo o panorama econômico da região: a produção da cachaça. Desde então, a região de Salinas vem se consagrando como maior polo de produção da cachaça artesanal do Brasil.

Características territoriais

Situado ao norte de Minas Gerais, o território que corresponde a Salinas é a principal referência na produção de cachaça artesanal no Estado, por ser a maior produtora tanto em volume quanto em número de marcas comercializadas.

Sua produção tem como principal característica a uniformidade do solo e o clima semiárido. A região apresenta baixo índice pluviométrico, com média anual de 700 milímetros. As chuvas vão de novembro a março, época ideal para o plantio da cana-de-açúcar.

Como fatores determinantes, que fazem a diferença no processo da produção da cachaça artesanal, são destaques: a utilização de variedades de cana apropriadas, o fermento orgânico natural, a higiene dos alambiques e a tradição dos produtores.

Produção

Obtida a partir da destilação do mosto fermentado da cana-de-açúcar, a cachaça de Salinas é produzida exclusivamente em alambiques e condensadores de cobre. Por isso, é um produto tipicamente artesanal.

Embora existam outras espécies de cana na região, desde a década de 1930, a Java é a principal variedade usada na produção da bebida destilada. Apesar da implementação de novas tecnologias, em benefício da estrutura de produção, o método ainda é passado de geração a geração. Pode-se afirmar que as marcas das cachaças da região de Salinas são as mais famosas do Brasil.

Importância notável

O curso superior de Tecnologia em Produção da Cachaça, implementado pelo Ministério da Educação em 2004, e a inauguração do Museu da Cachaça, em 2012 (ambos no município mineiro de Salinas), são reflexos da importância econômica, histórica e cultural daquela região.

Consagradas pelo reconhecimento, a fama e a notoriedade de Salinas serviram para agregar ainda mais valor de mercado à cachaça artesanal. Vale destacar que a conquista do título de Indicação de Procedência, em 2012, favoreceu a implementação de selos de controle no combate às falsificações e tornou-se um meio mais fácil para que o consumidor possa identificar, em qualquer lugar, a verdadeira cachaça da região de Salinas.

Qualidade premiada

Em 2014, uma das várias marcas presentes em Salinas foi medalhista de ouro em um concurso internacional. Com 30 anos de existência, a “Cachaça Salinas” levou o “Concours Mondial de Bruxelles – Spirits Selection 2014”, uma das mais importantes competições internacionais de destilados. A marca concorreu com mais de 200 das melhores fabricantes de cachaça do País.

Diretor comercial do Grupo Salinas, responsável pela fabricação da cachaça premiada, Thiago Medrado ressalta que a maior conquista está na valorização da cachaça da região no mundo. “A conquista desta
medalha é o reconhecimento da excelência da Salinas com o seu produto mais vendido, durante toda a sua história”, comemora.

Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 717

Epagri busca IG para erva-mate

Erva-mate do Planalto Norte catarinense se diferencia principalmente pelo seu sistema de produção. Foto: Aires Mariga/Epagri

Está entrando em fase final o processo para obtenção da Indicação Geográfica (IG) da erva-mate do Planalto Norte Catarinense. A Indicação Geográfica é uma forma de valorização do produto de uma região ou território, cuja procedência adquiriu notoriedade em decorrência do modo de fazer, das características ambientais locais e outros fatores. O champanhe é um exemplo clássico de IG.

A obtenção de uma IG requer uma série de estudos, que compõem um dossiê. Esse documento é avaliado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que decide pela concessão ou não da indicação. Até o final deste ano o dossiê da erva-mate do Planalto Norte deve estar pronto para ser encaminhado ao órgão federal.

A erva-mate do Planalto Norte catarinense se diferencia principalmente pelo seu sistema de produção. Naquela região, a planta é cultivada historicamente em meio à floresta de araucária, de forma harmônica, sem desmatamento. Esse sistema de cultivo, aliado às características de solo e clima da região, conferem ao produto como no Uruguai, onde ele é amplamente comercializado.

Os trabalhos de obtenção da IG iniciaram em 2013, sob a coordenação de Gilberto Neppel, extensionista rural da Gerência Regional da Epagri em Canoinhas. O financiamento é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Coube à Epagri fortalecer a Associação de produtores locais, com adequação do estatuto e outras providências, já que será esta a instituição que vai submeter a proposta ao INPI e, após a concessão da IG, definir quais produtos se adequam às características exigidas para uso do selo. Também está sendo feito por um profissional local o levantamento histórico/cultural da erva-mate na região, documento que vai compor o dossiê.

O Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia da Epagri (Ciram) está finalizando a caracterização ambiental. Esse é um dos principais documentos que vão compor o dossiê, pois aponta a delimitação geográfica e as características de solo e de clima que são determinantes na singularidade da qualidade do produto.

No dia 9 de março a cadeia produtiva de erva-mate do Planalto Norte catarinense se reuniu na Epagri em Canoinhas para dar continuidade ao trabalho e discutir os próximos passos. Já ficou marcada uma nova reunião, para o dia 27 de abril. Em outubro a Epagri pretende realizar um seminário, que vai apresentar os estudos que vão compor o dossiê.

Quando concedida, a IG da erva-mate do Planalto Norte Catarinense vai beneficiar mais de 2 mil produtores, distribuídos por 17 municípios, entre eles Campo Alegre, Canoinhas, Mafra, Porto União, Itaiópolis e Irineópolis. A produção de erva-mate tem um papel importante de complementação de renda nas comunidades rurais locais e a concessão vai alavancar a comercialização do produto. Os maiores beneficiados serão os agricultores e ervateiros, que terão sua cultura valorizada, mas também ganha a sociedade de forma geral, pelos benefícios econômicos, sociais e ambientais que a IG propicia.

Fonte: Epagri

Camarão da Costa Negra

Especialidade brasileira: Com preço 40% superior no mercado internacional, o camarão da Costa Negra teve sua Denominação de Origem (DO) concedida em 2011. É considerado um dos melhores do mundo, pois, mesmo em cativeiro, recebe água do mar rica em matéria orgânica.

Entre os mais cotados do mundo, o camarão marinho produzido em cativeiro nas fazendas da região da Costa Negra, no litoral Oeste do Ceará, recebeu a Denominação de Origem (DO) em 2011. É o primeiro Certificado de Denominação de Origem emitido no mundo para crustáceo. A espécie reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para a comissão de certificação é a Litopenaus Vannamei.

Banhada pelo Rio Acaraú, de água escura, rica em matéria orgânica, a Costa Negra, em especial a região do Baixo Acaraú, produz muitos sedimentos e é considerada a melhor área para produção de camarão do Estado. As praias da Costa Negra apresentam grandes extensões de sedimentos cinza-escuro submersos, daí a origem do nome, que conferem um visual único às suas praias no período de baixa-mar, quando afloram em grandes extensões.

Mesmo produzido em cativeiro, o fato de os tanques receberem água do mar rica em nutrientes, faz com que o camarão produzido na região tenha um sabor parecido com o do crustáceo que vive naturalmente no mar. O clima, o solo e o manejo modificam o sabor do camarão. Mais pesado, com textura consistente e sabor encorpado, por causa dos aspectos físicos da região, possui alto teor protéico, além de ser um produto totalmente natural, livre de antibióticos e quaisquer outros produtos químicos.

Procedência

Registro IG 200907 INPI Denominação de Origem /2011
Área Geográfica Delimitada: 900 ha
Abrangência: município de Acaraú (região da Costa Negra, litoral Oeste do Ceará)
Rastreamento garante a origem

Beneficiados em unidades frigoríficas com Sistema de Inspeção Federal (SIF), os camarões processados atendem às exigências de segurança alimentar e recebem Certificação de Produto Orgânico. Para obter a certificação, o camarão precisa ser produzido a partir de larvas cultivadas na região. O sistema de rastreamento garante a origem do produto.

A produção de nove mil toneladas por ano é obtida a cada três meses nas 32 fazendas de engorda, que ocupam 900 hectares da região, onde a cadeia produtiva da atividade movimenta a economia local e gera cerca de cinco mil empregos. A Associação dos Carcinicultores da Costa Negra reúne 33 associados, conta com laboratório de produção pós-larvas e quatro unidades de beneficiamento. Melhorias no processo de produção visam à obtenção de um crustáceo com até 50 gramas, o que deverá ser bastante valorizado pelo mercado.

A Denominação de Origem (DO) concedida pelo INPI confere ainda mais competitividade ao produto, que atualmente atende basicamente ao mercado interno (99% da produção), em especial as praças de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Somente 1% da produção é exportada, a preços médios 40% superiores à cotação do mercado mundial. Os camarões recebem alimentação natural, sem nenhum tipo de produto químico. O resultado é um produto de alta qualidade e ótima aceitação. Tanto que uma certificadora alemã deu ao produto do Ceará o título de “melhor camarão do mundo”.

Costa Negra é o nome do trecho do litoral cearense que vai desde a foz do rio Aracatimirim, na localidade de Torrões, até a foz do rio Guriú, em Jijoca de Jericoacoara. A região abrange os municípios de Itarema, Acaraú, Cruz e Jijoca de Jericoacara. Com paisagens encantadoras e praias paradisíacas, a região ganha espaço na imprensa internacional pelos camarões que produz. O polo do Baixo Acaraú é considerado a melhor área de produção no Estado.

Festival Internacional

A região promove, anualmente, o Festival Internacional do Camarão da Costa Negra, idealizado pelo empresário Livino Sales, também presidente da Associação dos Criadores de Camarão da Costa Negra (ACCN). O evento reúne palestras técnico-científicas, no Encontro do Arranjo Produtivo Local da Carcinicultura da Litoral Oeste, e o “Grand Shrimp Festival”, com a presença de renomados chefs de cozinha nacionais e internacionais. Além de “workshops”, os chefs participam de concurso de gastronomia.

Informações
Associação dos Carcinicultores da Costa Negra (ACCN)
Site: www.accn.org.br
Tel. (88) 9918-0114

 

Fonte: Revista A Lavoura Edição Nº 705/2014

Algodão Colorido: orgânico, antialérgico e com alto valor agregado

Foto: Divulgação

Resultado de pesquisas, o algodão da Paraíba já nasce colorido. É o único produto agrícola no Brasil que tem IG na categoria “orgânico”. Sua aceitação no mercado interno e externo foi determinante na estruturação de toda a cadeia produtiva, organizada na Coopnatural, que já conquistou as passarelas

O algodão colorido do Estado da Paraíba já nasce assim, com cores. Ele é resultado de pesquisas que começaram na década de 1980, pela Embrapa Algodão (PB). Por meio de um processo de seleção genética, foram identificados os genes responsáveis pela cor e que conferiam resistência, comprimento e finura da fibra da planta.

As variedades coloridas, que não são transgênicas, foram obtidas pelo processo convencional de melhoramento genético, que também agrega resistência às pragas do algodoeiro. O trabalho resultou em quatro tipos de algodão de coloração natural: marrom, verde, safira, rubi e topázio.

O plantio, concentrado no alto sertão paraibano e regiões do entorno, é característico da agricultura familiar. A produtividade menor que a do algodão convencional e a colheita manual são compensadas pelo preço acima do mercado recebido pelo produtor.

Empresas e associações diversas, ligadas a produtores, artesãos, costureiras, crocheteiras e bordadeiras estão reunidas na Coopnatural (Cooperativa de Produção Têxtil e Afins do Algodão do Estado da Paraíba), presidida por Maysa Motta Gadelha.

Procedência

Registro IG 200904 INPI Indicação de Procedência/2012
Área Geográfica Delimitada: O estado da Paraíba localiza-se na posição mais oriental do território brasileiro, limitando-se ao norte
com o Rio Grande do Norte, ao sul com Pernambuco, ao leste com o Oceano Atlântico e a oeste com o Ceará.

Livre de agroquímicos e tingimento

A produção do algodão colorido atende aos padrões de qualidade exigidos pelos mercados interno e externo: é totalmente livre de agroquímicos, o que gera um produto final sem contaminação, isento
de processos químicos e de tingimento, com alto valor agregado. São práticas que contribuem para manter o solo, cursos de água e lençois freáticos protegidos.

As cores dependem do solo onde o algodão foi plantado e das condições climáticas ao longo da safra. Considerado um produto ecológico, o algodão colorido é antialérgico e possui toque mais suave.

No ano 2000, as indústrias têxteis e as confecções de Campina Grande (PB), fundaram o Consórcio Natural Fashion. A ideia era oferecer um produto diferenciado ao mercado: o algodão colorido naturalmente. Com o crescimento da atividade em todos os setores, foi criada a Coopnatural, única cooperativa certificada do País pelo Instituto Biodinâmico Brasileiro (IBD) que trabalha com produtos têxteis de algodão colorido orgânico.

Com 23 cooperados, a Coopnatural atua em toda a cadeia produtiva do algodão (do plantio à comercialização) e beneficia 120 agricultores e 200 artesãos.

Indicação de Procedência

A certificação de Indicação de Procedência para a região foi a única na categoria “orgânico” a ser concedida no País.

Natural Fashion é a marca da cooperativa que produz duas coleções anuais de peças de vestuário masculino, feminino, infantil, decoração, acessórios e brinquedos. Presente em 20 Estados brasileiros e com exportações para 4 países (Alemanha, Espanha, Itália e Suíça), a cooperativa faz do processo artesanal uma forma de manter viva a cultura local.

 

 

Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 716/2016

Chocolate com sabor capixaba

Cacau de Linhares. Foto: Divulgação

Com o registro do nome geográfico “Cacau de Linhares”, apenas os produtores estabelecidos na região delimitada e que cumprem as normas coletivas terão direito ao uso da IG para comercialização do produto

O cacau produzido em Linhares, município localizado ao norte do Espírito Santo, foi o primeiro do País a receber Indicação Geográfica (IG). Para a Associação dos Cacauicultores de Linhares (Acal), o registro é o reconhecimento da reputação e do valor do cacau produzido com cuidados especiais, da colheita à secagem das amêndoas. Produzido sob normas de qualidade, o cacau da região possui identidade diferenciada, devido às condições da região, com remanescentes de Mata Atlântica, que proporcionam o sombreamento das lavouras, fundamental para o cacaueiro, uma cultura nativa da Amazônia.

Procedência

Registro IG 200909 INPI Indicação de Procedência 2012
Área Geográfica Delimitada: 760.638 km2 Abrangência: município de Linhares/ES Altitude média de 612m

Selo de qualidade

Os 1,2 mil produtores de Linhares, responsáveis por 90% da produção capixaba da fruta, passam a ter o direito de vincular o nome da localidade ao produto. O registro é concedido para a região e não para o produto diretamente. A Acal também deverá fornecer selo de qualidade aos agricultores que seguirem as recomendações específicas de cultivo e sustentabilidade ambiental.

Além de agregar valor ao produto no mercado interno, o cacau, fruto que dá origem ao chocolate, produzido em terras linharenses, passa a ter um diferencial competitivo no comércio internacional.

Presidente da Acal, Maurício Buffon acredita que as indústrias passarão a comprar preferencialmente de quem possui o selo. No entanto, ele avalia que o setor produtivo ainda não absorveu as possíveis mudanças com a certificação. “Neste momento, o produtor precisa voltar a produzir; depois avaliará a utilização do selo”, diz Buffon.

Reconhecimento internacional

O cacau de Linhares recebeu o prêmio de excelência na etapa nacional do International Cocoa Awards 2012 e foi selecionado para o Salon Du Chocolat 2012, realizado em Paris, em novembro de 2012. Representando a região, o produtor Emir de Macedo Gomes Filho diz que, em 1999, deu início à renovação da lavoura da Fazenda São Luiz, utilizando novos materiais genéticos.

Para garantir a qualidade do produto, foram adotadas outras práticas, como a colheita seletiva dos frutos maduros, a quebra e o transporte da fruta para o cocho no mesmo dia, além da fermentação e secagem corretas.

O cacauicultor, que hoje possui mais de 60 mil pés de cacau renovados, com maior resistência à “vassoura- de-bruxa” (doença que quase inviabilizou o cultivo da fruta) e mais produtivos, espera chegar a 100 mil plantas. “Vamos atingir essa meta alcançando a produção equivalente do passado, quando tínhamos 180 mil pés produzindo”, diz Gomes Filho.

Importância regional

Com cerca de 150 mil habitantes, o município de Linhares (ES), é o maior produtor de cacau do Estado, respondendo por 90% da produção capixaba. Plantada em solo aluvial às margens do rio Doce, esta cultura foi uma das principais responsáveis pelo crescimento econômico e político da região, tendo gerado muita riqueza e poder.

Com o incentivo governamental da época, as lavouras se expandiram e se tornaram referência econômica, social e política para Linhares. Em 2001, a vassoura-de-bruxa quase dizimou as lavouras, causando enormes prejuízos aos cacauicultores, que viram a produção de cerca de 14 mil toneladas cair para aproximadamente 4 mil.

Segundo o presidente da Acal, a receita com a atividade, que gerava cinco mil empregos, foi reduzida de R$ 60 milhões em 2001, para parcos R$ 19 milhões e desempregou três mil trabalhadores. Entretanto, o trabalho do setor produtivo e o empenho das entidades envolvidas com a cultura, estão tornando a recuperação da cacauicultura mais rápida do que prevista.

A Indicação Geográfica surge, assim, como importante instrumento de resgate da cultura da região, valorizando o cacau e aumentando a renda dos produtores. Os proprietários que recebem este registro, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), precisam ter em seus produtos, ou nas áreas de produção, a qualidade e as características que os tornam exclusivos.

 

Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 715/2016

Cachoeiro de Itapemirim, a capital brasileira do mármore

Jazida. Foto: Divulgação

Reconhecida internacionalmente por seu parque industrial de beneficiamento de rochas ornamentais e como a capital brasileira do mármore, Cachoeiro de Itapemirim (ES) teve sua IG concedida na categoria de Indicação de Procedência IP, em 2012. A pedra conferiu destaque à cidade, principalmente na economia local, alavancando o construtivismo cultural, arquitetônico e até turístico

A Indicação Geográfica fez com que o mármore cachoeirense se tornasse ainda mais conhecido, graças à sua garantia de qualidade única. Compradores de diversos países, que têm a certeza de que estão adquirindo excelentes produtos, movimentam a economia do Estado de Espírito Santo, fortalecendo a visibilidade daquela região nos cenários nacional e internacional.

Procedência
Indicação de Procedência 2012 / Registro IG 201007
Abrangência: Corresponde aos limites políticos dos municípios de Cachoeiro de Itapemirim e Vargem, somando uma área de 1.291,529 km2

História e tradição

Em busca de ouro, os primeiros colonos portugueses que chegaram a Cachoeiro de Itapemirim, em torno do ano de 1570, encontraram um território dominado pelos temidos índios puris, que disputavam a área com os botocudos. Após quatro séculos, nasceu a Vila de Itapemirim e com ela o crescimento de fazendas provenientes de grandes latifundiários, que se estenderam por toda a localidade.

O caminho da mineração do calcário começou somente por volta de 1874, assim que desembarcaram os primeiros colonos italianos. Já o intercâmbio entre as culturas, com o início do beneficiamento do mármore, surgiu com a primeira marmoraria, em 1930. A partir daí, a bagagem cultural destes povos passou a integrar o crescimento deste setor.

Trabalho árduo, o início da extração do mármore exigiu pioneirismo e criatividade na hora de cortar os blocos na pedreira. Bem diferente da realidade de agora, até porque as empresas do parque tecnológico de rochas ornamentais de Cachoeiro de Itapemirim utilizam sistemas de produção com alto conteúdo tecnológico.

Hoje, o setor mineral é a fonte principal da economia do município, que começa na extração de blocos e segue com serrarias, beneficiamento, talha-blocos, cal, moagem do calcário, insumos, máquinas e tudo mais que for necessário para atender ao segmento.

Produção

O parque industrial de beneficiamento de rochas ornamentais, o maior de Espírito Santo, é pioneiro em extração e beneficiamento da pedra em todo o País. Com a introdução de novas técnicas de extração e beneficiamento, o mármore produzido em Cachoeiro de Itapemirim conquistou um grau de qualidade e beleza comparável às melhores pedras do gênero encontradas no mercado internacional.

O produto

O mármore é uma rocha metamórfica, ou seja, formada pela transformação de uma rocha preexistente, como o calcário. Esta transformação é resultado de uma mudança no meio geológico, pelo qual a estabilidade da rocha pode ser mantida somente por uma modificação correspondente à sua forma. No caso do mármore, ocorre o metaformismo termal, com predominâncias de temperaturas elevadas e fenômenos de recristalização bem acentuados.

Em estado de pureza, o mármore é de cor branca, podendo apresentar ampla faixa de cores. De Vargem Alta a Cachoeiro de Itapemirim, ele aflora continuamente, em uma camada espessa e densa, constituindo um maciço com medidas de quase 20 x 8 km2.

O interesse dos mercados pela beleza do mármore branco alvo, caramelo e chocolate caracteriza seu grande valor mineral.

Mercado

Existe uma tradição de mais de 50 anos de extração e processos de pedras e rochas. Muitas delas são exportadas e o mármore abre espaço para o Espírito Santo, neste setor. Nos últimos anos, houve um acréscimo da demanda pelo produto em obras dos Estados Unidos, por exemplo.

Para melhorar ainda mais este cenário, a Indicação Geográfica é importante, porque identifica a origem e a qualidade do produto, garantindo a autenticidade da mercadoria e o direito reservado aos produtores da região.

Benefícios

A revolução dos setores de exploração e beneficiamento de mármores e granitos, a sua produção e comercialização nacional e internacional transformaram Cachoeiro de Itapemirim no centro mais importante do País neste segmento, conferindo à cidade status de maior vitrine de negócios na área de rochas ornamentais.

O reconhecimento do município capixaba como Indicação Geográfica, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), portanto, coroa o esforço de anos de trabalho e desenvolvimento de uma região que cresce cada vez mais, segundo os conceitos de qualidade, eficiência e respeito ao meio ambiente.

Cetemag

Fundado em 1988, o Centro Tecnológico do Mármore e Granito é o setor que vem pensando e discutindo seus desafios tecnológicos, buscando novas soluções. É a ligação da sociedade, governo e setor produtivo em um mesmo órgão.
Com pesquisas e estudos, a entidade conseguiu atribuir mais qualidade à produção de mármore na região, dando a devida importância para questões técnicas e tornando o setor muito mais profissional e confiável.
O órgão disponibiliza cursos profissionalizantes, com grande credibilidade das empresas que atuam no segmento. Ainda organiza a Feira Internacional do Mármore e Granito, que é realizado no Espírito Santo desde os anos de 1980.

 

 

Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 713/2016

Goiaba do Paraná ganha diferencial com Indicação Geográfica

Qualidade única da goiaba é reconhecida em função de recursos naturais e do saber fazer. Foto: Divulgação

Agricultores da região Norte Pioneiro do Paraná conquistaram o mais novo diferencial competitivo: registro de Indicação Geográfica (IG) da goiaba de Carlópolis. A partir de agora, a fruta dessa região também integra o seleto grupo de produtos reconhecidos por sua reputação, valor intrínseco e identidade própria. Ao todo, o estado já coleciona três IG registradas e nove em análise no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

A Indicação de Procedência (modalidade de IG) foi concedida pelo INPI à Associação dos Olericultores e Fruticultores de Carlópolis (APC), que abrange os municípios paranaenses de Carlópolis e Ribeirão Claro. De agora em diante, parater a goiaba reconhecida como IG, os produtores deverão cumprir normas específicas de embalagem, rotulagem, acondicionamento e transporte, processo produtivo e segurança alimentar, além de responsabilidade social e ambiental, entre outros atributos.

“Os produtores que utilizam a IG como instrumento de diferenciação percebem diversos benefícios, como valorização do produto, aumento do turismo local, acesso a novos mercados, além da satisfação em ver seu trabalho reconhecido pelos consumidores e o ‘saber fazer’ sendo preservado”, avalia a diretora técnica do Sebrae, Heloisa Menezes. O Sebrae apoiou os agricultores paranaenses nesse processo que culminou na obtenção do registro de IG junto ao INPI.

O processo para a concessão do registro à APC levou em consideração elementos que confirmam que o nome geográfico tornou-se centro de extração, produção ou fabricação de goiabas; dados que comprovam a existência de uma estrutura de controle sobre os produtores com direito ao uso exclusivo da indicação de procedência; além de evidências de que esses produtores estão estabelecidos na área geográfica demarcada e exercendo a atividade efetivamente.

“Esse registro é uma conquista promissora dos agricultores que buscam valorizar seus produtos e se diferenciar no mercado. Ele vem se somar às Indicações Geográficas de outras regiões do país, que, assim como a goiaba de Carlópolis, foram concedidas para reconhecer a reputação das frutas brasileiras”, afirma Raquel Minas, analista do Sebrae que acompanha esse projeto.

O que é Indicação Geográfica

Indicação Geográfica (IG) é o nome geográfico de um país, cidade ou região reconhecida pela qualidade ou tradição de determinado produto ou serviço. No Brasil, ela tem duas modalidades: Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). Desde 2011, o número de IG brasileiras cresceu 243%. Hoje, há 48 IG reconhecidas no país, sendo 39 IP e 9 DO, cobrindo 853 municípios de 20 estados, num total de 35 mil pequenos negócios.

 

Fonte: Sebrae

INPI entrega certificado de IG referente à linguiça de Maracaju (MS)

No dia 05 de abril, o presidente do INPI, Luiz Pimentel, entregou o certificado de Indicação Geográfica (IG) referente à linguiça de Maracaju, município de Mato Grosso do Sul com quase 50 mil habitantes, localizado a 164 quilômetros da capital, Campo Grande. Acompanhando o presidente, estiveram a coordenadora-geral de Indicações Geográficas e Registros do INPI, Lucia Fernandes, e o coordenador substituto de IG, Raul Bittencourt.

O INPI concedeu o registro em nome da Associação dos Produtores da Tradicional Linguiça de Maracaju (Aptralmar), na modalidade indicação de procedência (IP). A solenidade ocorreu em seminário realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com objetivo de promover o intercâmbio de experiências sobre registro e controle de IG, a partir dos casos da Espanha e União Europeia. Pimentel participou ainda da abertura do evento e do primeiro painel, abordando a legislação nacional de IG. Hoje o Brasil já conta com o total de 54 IGs concedidas.

 

Fonte: INPI

Produtores de cachaça de Paraty buscam inspiração nos vinhos com Indicação Geográfica da Serra Gaúcha

Chefe Zanus realizou a abertura da visita. Foto: Silvana Buriol

Durante esta semana, produtores e técnicos ligados à produção da Cachaça de Paraty, que conta desde 2007 com a Indicação de Procedência concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), visitaram a Serra Gaúcha. O principal objetivo da missão foi conhecer a Denominação de Origem (DO) Vale dos Vinhedos, a Indicação de Procedência de Pinto Bandeira de vinhos e outras ações ligadas ao turismo, como os Caminhos de Pedra. O roteiro começou na Embrapa Uva e Vinho, instituição de pesquisa referência quando o assunto é indicação geográfica em vinhos no Brasil.

“É importante termos produtos diferenciados, típicos de cada região”, resumiu, na abertura do encontro, o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus. Ele destacou as Indicações Geográficas como uma ferramenta para organizar a valorizar a produção agropecuária no Brasil.

Os visitantes assistiram a uma palestra do pesquisador Jorge Tonietto sobre os processos de qualificação da denominação de origem Vale dos Vinhedos. Na sequência, participaram de uma mesa-redonda para responder aos questionamentos do grupo, que contou com a participação de membros envolvidos com o tema. Estiveram presentes Ivanira Falcade, professora de geografia da Universidade de Caxias do Sul, Jaime Milan, consultor da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos e Arlete de Cesaro, secretária executiva da Associação de Produtores de Vinho de Pinto Bandeira. Finalizando a visita, o grupo participou de uma simulação de como atuam os comitês de degustação dos conselhos reguladores das indicações geográficas de vinhos, para a aprovação dos produtos que irão receber o selo de Indicação geográfica, uma das etapas obrigatórias do processo. Foram degustados vinhos da DO Vale dos Vinhedos e da IP Pinto Bandeira.

Durante a visita, Lucio Gama Freire, presidente da Associação dos Amigos e Produtores de Cachaça de Paraty (Apacap) revelou que esta não é a primeira vez que os produtores de Paraty se inspiram nos vinhos da Serra Gaúcha. Ainda em 2007, quando estavam elaborando o pedido de Indicação de Procedência, o processo pioneiro do Vale dos Vinhedos foi referência para eles. Agora, quando planejam buscar a DO, decidiram vir conhecer e esclarecer algumas questões pessoalmente. “A nossa maior comercialização dos produtos se dá nos próprios alambiques, situação semelhante A que ocorre com os vinhos aqui na Serra Gaúcha. Queremos conhecer como é o enoturismo aqui para trabalharmos melhor o vínculo do turismo com a cachaça”, destacou. A previsão é entrar com o pedido da DO da cachaça de Paraty no INPI até 2018.

 

Fonte: Embrapa Uva e Vinho